segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Bebo, logo existo: guia de um filósofo para o vinho




Um antídoto bem-humorado para a pretensiosa conversa oca que hoje se escreve sobre o vinho e uma profunda apologia à bebida sobre a qual a civilização foi fundada.

O filósofo Roger Scruton descreve neste livro uma forma ainda pouco difundida e saborosa sobre o vinho para uma boa leitura; a de que descrever um vinho como apenas como uma expressão solo pode ser um erro, o autor lembra da educação que tornou a sua experiência proporcionada por Balzac e  Le tour de France, Flaubert, pelas aldeias em torno de Fontainebleau, pelos prelúdios de Debussy e pela música composta por Berlioz sobre versos de Gautier e, segundo ele, obviamente por Proust. O que quer que venha a sentir na taça, Scruton afirma que sabia antecipadamente que seria uma parte da França, de onde vêm seus vinhos prediletos.
O livro lembra que quando consumido de forma adequada, o vinho melhora o convívio humano e tem o poder de colocar o amor e o desejo a uma distância que os torna passíveis de ser discutidos. Quando consumido socialmente, durante ou depois de uma refeição, um bom vinho deve ser acompanhado de um bom tema de conversa, tema que deve perdurar juntamente com a bebida:
“Hoje me parece que o melhor de todos os remédios para o orgulho é o vinho...Depois de uma taça ou duas eu me sinto capaz de fazer o que todos nós devíamos fazer, mas somos proibidos pelo orgulho: rejubilar-me com o sucesso dos meus rivais. Afinal de contas um mundo que contém sucesso é melhor do que um mundo sem ele, e sob a influência do vinho todo sucesso inspira apreço em quem o bebe. O vinho oferece um vislumbre do mundo sub specie aeternitatis, em que as boas coisas mostram seu valor, independentemente da pessoa que as revela”.

Os antigos tinham uma solução para o problema do álcool: envolver a bebida em rituais religiosos, tratá-la como a encarnação de um deus e marginalizar o comportamento destrutivo como obra do deus, e não do adorador. Uma boa artimanha, pois é bem mais fácil reformar um deus do que um ser humano:
“Mas a solução religiosa não foi a única registrada: em vez de excluir da sociedade a bebida, os gregos construíram um novo tipo de sociedade em torno dela. Nos banquetes, eles descobriram o costume que revela o melhor do vinho – a bebida que nos leva a sorrir para o mundo e faz o mundo sorrir para nós”.Conta o autor.
De acordo com Scruton, o vinho, bebido no estado de espírito certo, é definitivamente bom para a alma. E não há melhor acompanhamento para ele do que a filosofia. Ao pensar com o vinho, aprendemos a beber em pensamentos e a pensar em goles.
Assim como o desenrolar do livro, o humor, às vezes ácido, com pensamentos ébrios. O apêndice trás pérolas que o autor associa com pensadores como: Berkeley: Caso precise consumir Berkeley, acompanhe sua leitura com uma taça de água de alcatrão e encerre o assunto., Nietzsche. A primeira obra de Nietzsche, O nascimento da tragédia, proclamou as origens religiosas da arte e a redescoberta de Dioniso como o deus da alegria, da dança e do retorno. Desaprovado pelos críticos acadêmicos, o livro encerrou a carreira precoce do autor como professor de filologia. No entanto, e a melhor obra que já se escreveu sobre a tragédia, e no meu ponto de vista a obra de Nietzsche mais claramente voltada para as questões intelectuais...Assim, bebamos ao autor de O nascimento da tragédia, mas com uma poção franzina, hipocondríaca, talvez um dedo de Beaujolais num copo com água gasosa ate a boca”.

Ou ainda, Russell: Os livros de Russell precisam ser rigorosamente distinguidos em dois tipos, disse Wittgenstein. Os que tratam de lógica e dos fundamentos da Matemática devem ser encadernados em azul, e todos devem ser estimulados a os ler. Os de política e filosofia popular devem ser encadernados em vermelho e proibidos.... sugiro um Chateau Beychevelle ou um Chateau Ducru-Beaucaillou de safra superior, por exemplo 1988 ou 1995’ e assim como Sartre,  Wittgenstein, Strauss, Hamvas, Sam, o Cavalo, Patočka, Schopenhauer. Hegel, Fichte, Kant, Hume, Bacon, Maimônides, Tomás de Aquino, Averróis, Platão entre outros, ou não beber nada, como em Heidegger: Que poção deve complementar o filosofo que nos disse: “Nada nulifica”? Erguer uma taça vazia até os lábios e sentir a sua descida – nada, nada, nada, ao longo de toda a extensão do tubo: essa certamente e uma experiência que encantara o verdadeiro conhecedor. O vinho é algo com que se vive de acordo, e também se vive de acordo com uma idéia. Bebido na ocasião certa, no lugar certo e na companhia certa, o vinho é o caminho para a meditação e o arauto da paz.”
Sobre o autor:
O professor Roger Scruton é Resident Scholar do American Enterprise Institute, em Washington, e Senior Research Fellow do Blackfriars Hall, em Oxford. Escreveu também Breve história da filosofia moderna, Coração devotado à morte e Estética da arquitetura.
Dados Técnicos
Título: Bebo, logo existo: guia de um filósofo para o vinho
Autor:  Roger Scruton
Editora Octavo – http://www.octavo.com.br
Tradução: Cristina Cupertino
Título Original: I Drink Therefore I am: A Philosophers Guide to Wine
Formato: 23 X 16 cm
Nº de páginas: 304
ISBN: 978-85-63739-06-3
Edição: 1ª

Preço: R$65,00


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