terça-feira, 26 de março de 2013

A Câmera de Pandora - A fotografia depois da fotografia

O fotógrafo Joan Fontcuberta, ganha o Prêmio Internacional de Fotografia da Fundação Hasselblad  (Suécia)  em março de 2013,  pelo reconhecimento de sua carreira, lança o seu segundo livro pela GG Brasil, A Câmera de Pandora, em que escreve de forma simples, cativante e amigável sobre a tecnologia digital e das funções deslocadas essenciais da fotografia.


Diante do desconcerto ou da cegueira, Joan Fontcuberta, esmiúça o que sobra da criatividade fotográfica: os restos da autenticidade, os restos do documentário, os restos de alguns valores que fizeram com que a fotografia moldasse o olhar moderno e contribuísse para a nossa felicidade. Fiel ao princípio de que uma fotografia vale mais do que mil mentiras, Fontcuberta elucida a natureza da nova fotografia (digital) e seus extravios e deriva reflexões críticas e evocações poéticas que rastreiam os empenhos de uma pós-moderna câmera de Pandora que já não se limita a descrever o entorno, mas ambiciona pôr ordem e transparência nos sentimentos, na memória e na vida. A arte da luz aspira agora ser a arte da lucidez.

“Hoje em dia todo mundo leva consigo uma câmera fotográfica e, além disso, as novas tecnologias permitem fazer tantas fotos quanto queiramos vê-las imediatamente e se não nos agradarem, apagá-las e fazer outras. Essa evolução tecnológica e as consequências nos hábitos da sociedade contemporânea favoreceram a noção de fotografia como captação de um instante. A necessidade de capturar tudo é acentuada. Tudo é fotografável e, além do mais, tudo é mostrável” afirma o autor.

O livro que mantém um texto rico com energia literária, aborda relatos dos mais variados como do jornal Los Angeles que publicou uma montagem de Brian Walski no subúrbio de Basra (Iraque);  a discussão da manipulação tanto jornalística como artística; os paparazzi e mesmo Ivan Istochnikov, piloto da Soyuz 2, o único astronauta reconhecido como perdido no espaço e o embaraço desta ocultação pelo regime comunista, a perda da ansiedade da revelação feita em papel como descreve o fotógrafo brasileiro Juan Esteves que assina o prefácio do livro:

“A produção da imagem digital se tornou incessante e múltipla, traduzida em inúmeras vertentes: a lúdica, a de caráter comunicacional, a de sentido antropológico e a que reflete um mundo extremamente narcisista – a vasta produção de autorretratos, por exemplos, bem como de uma infinita gama de terminologias que tentam explicar o que é fotografia hoje, cujas definições estão longe de ser claras e compreensíveis”.

Joan Fontcuberta (Barcelona, ​​1955) é um fotógrafo, artista, crítico e professor. Seu trabalho está em coleções como o Centre Georges Pompidou, em Paris, o Museu Stedelijk de Amesterdão, o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, o Instituto de Arte de Chicago ou o MACBA, em Barcelona, ​​entre outros. Além de sua prolífica obra fotográfica, tem feito um trabalho importante como ensaísta, editor e curador, com iniciativas como a criação, em 1980, da Photovision jornal, o co-fundador em 1982 da Primavera Fotográfica de Barcelona ou a direção de arte em 1996 Festival Internacional de Fotografia de Arles. Ele também ensinou em várias escolas e universidades na Europa e América do Norte e atualmente leciona na Estudos Estudos de Comunicação na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.

Para conhecer outros títulos: www.ggili.com.br

Nicolau Kietzmann Goldemberg
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