O fotógrafo Joan Fontcuberta, ganha o Prêmio Internacional de Fotografia da Fundação Hasselblad (Suécia)
em março de 2013, pelo reconhecimento
de sua carreira, lança o seu segundo livro pela GG Brasil, A Câmera de Pandora, em
que escreve de forma simples, cativante e amigável sobre a tecnologia digital e das funções deslocadas essenciais da fotografia.
Diante do desconcerto ou da
cegueira, Joan Fontcuberta, esmiúça o que sobra da criatividade fotográfica: os
restos da autenticidade, os restos do documentário, os restos de alguns valores
que fizeram com que a fotografia moldasse o olhar moderno e contribuísse para a
nossa felicidade. Fiel ao princípio de que uma fotografia vale mais do que mil
mentiras, Fontcuberta elucida a natureza da nova fotografia (digital) e seus
extravios e deriva reflexões críticas e evocações poéticas que rastreiam os
empenhos de uma pós-moderna câmera de Pandora que já não se limita a descrever
o entorno, mas ambiciona pôr ordem e transparência nos sentimentos, na memória
e na vida. A arte da luz aspira agora ser a arte da lucidez.
“Hoje em dia todo mundo leva
consigo uma câmera fotográfica e, além disso, as novas tecnologias permitem
fazer tantas fotos quanto queiramos vê-las imediatamente e se não nos
agradarem, apagá-las e fazer outras. Essa evolução tecnológica e as consequências
nos hábitos da sociedade contemporânea favoreceram a noção de fotografia como
captação de um instante. A necessidade de capturar tudo é acentuada. Tudo é
fotografável e, além do mais, tudo é mostrável” afirma o autor.
O livro que mantém um texto rico
com energia literária, aborda relatos dos mais variados como do jornal Los
Angeles que publicou uma montagem de Brian Walski no subúrbio de Basra (Iraque); a discussão da manipulação tanto jornalística
como artística; os paparazzi e mesmo Ivan Istochnikov, piloto da Soyuz 2, o
único astronauta reconhecido como perdido no espaço e o embaraço desta
ocultação pelo regime comunista, a perda da ansiedade da revelação feita em papel
como descreve o fotógrafo brasileiro Juan Esteves que assina o prefácio do
livro:
“A produção da imagem digital se
tornou incessante e múltipla, traduzida em inúmeras vertentes: a lúdica, a de
caráter comunicacional, a de sentido antropológico e a que reflete um mundo
extremamente narcisista – a vasta produção de autorretratos, por exemplos, bem
como de uma infinita gama de terminologias que tentam explicar o que é
fotografia hoje, cujas definições estão longe de ser claras e compreensíveis”.
Joan
Fontcuberta (Barcelona, 1955) é um
fotógrafo, artista, crítico e professor. Seu
trabalho está em coleções como o Centre Georges Pompidou, em Paris, o Museu
Stedelijk de Amesterdão, o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, o Instituto
de Arte de Chicago ou o MACBA, em Barcelona, entre outros. Além de sua prolífica obra
fotográfica, tem feito um trabalho importante como ensaísta, editor e curador,
com iniciativas como a criação, em 1980, da Photovision jornal, o co-fundador
em 1982 da Primavera Fotográfica de Barcelona ou a direção de arte em 1996
Festival Internacional de Fotografia de Arles. Ele também ensinou em várias escolas e
universidades na Europa e América do Norte e atualmente leciona na Estudos
Estudos de Comunicação na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.
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